A Sociedade Artística Musical Desembargador Pedro Regnoberto Duarte – SAMDPRED, criada no dia 10 de agosto de 2005, partiu da iniciativa de um grupo de jovens músicos residentes no Bairro do Rosário, organizado por Saulo Luna, músico recém graduado em Música pela Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, sentindo necessidade ocupação de crianças e jovens que vivem em vulnerabilidade social, bem como, movimentar a cultura musical da cidade de Barbalha. A primeira iniciativa foi a formação de Grupo de Flautas PACIS IN TERRIS, grupo distinto que tem em seu repertório musicas renascentistas, barrocas e MPB. Como foi boa a receptividade da comunidade, foi formado uma Banda de Música por nome BATUTAS DO ROSÁRIO e uma Orquestra de Frevo denominada FREVIOCA DOS BATUTAS. Com a funcionalidade desses grupos, foi criada a Escola de Música Lira Musical. Após essa última iniciativa pesou a necessidade de manter essas atividades, foi então que surgiu a idéia de fundar uma instituição que congregasse os músicos e a comunidade em torno desse ideal, surgindo assim a Sociedade Artística Musical Desembargador Pedro Regnoberto Duarte – SAMDPRED.
O presente projeto pretende se inserir nas comemorações do centenário do Poeta Patativa do Assaré realizando a musicalização de 16 poemas a serem definidos através de uma pesquisa literária e de um processo continuado de formação musical para os educandos que participam dos projetos da entidade; a gravação de um cd com os poemas musicados em parceria com o Pontão de Cultura Terreiros de Mestres e Griôs do Instituto de Ecocidadania Juriti, a montagem de espetáculo Tocando Patativa e o festival Canta Patativa com intérpretes das obras musicalizadas envolvendo os cantores e músicos da região do Cariri.
Espera-se com este projeto tornar cada vez mais vivo na memória das novas gerações a obra de Patativa do Assaré e divulgá-la de forma lúdica e prazerosa através da música digitalizada em CD, do espetáculo e do Festival de interpretações.
JUSTIFICATIVA
Patativa não tem tamanho, ele ultrapassou as barreiras das medidas, pois sua história se mistura com a história da luta do homem/mulher pela terra, pelo acesso ao conhecimento que possibilitou que ele falasse de igual para doutores e governantes. Nas comemorações do seu centenário ele se fará presente em todas as ações de nossa entidade.
Ele emprestou seu poema e sua voz ao povo do Cariri, emprestou também sua sabedoria que sempre serviu de apelo para acabar com as desigualdades sociais e para com o cuidado com a terra, que para ele, mais que sagrada, não pode ser abandonada, como abandonados estão nossos meninos e meninas que ainda são escravos do trabalho infantil neste imenso semi-árido brasileiro.
Agora, ele empresta para nós sua poesia, seus óculos escuros, seu chapéu de massa, sua bengala e sua poesia, se fazendo o centro de um grande espetáculo. Ele passa a ser o foco da nossa entidade que se transforma em palco para esses novos artistas. A música chega à vida do poeta mesmo ele não estando
mais presente nela – apenas é conhecida duas letras de Patativa transformadas em Música pela mídia oficial - mesmo poetizando noutra dimensão ele continua presente através dos seus poemas a serem musicalizados e interpretados por crianças, adolescentes e adultos jovens da cidade de Barbalha que estão ressignificando suas vidas através da arte musical e que estarão montando o Espetáculo Tocando Patativa que circulará as escolas públicas do Município de Barbalha e realizará uma apresentação na cidade de Assaré. É a obra de Patativa em verso e musicalizada que passa a ser o código de construção de conhecimentos das oficinas de formação musical que acontecerão ao longo do projeto: iniciação musical, flauta doce, trombone de vara, sax alto, clarinete, trompete, flauta transversa, percussão e sax tenor.
Esta proposta ultrapassa os limites da SAMDPRED, ela vai ganhar as ruas, as escolas, tornando viva a obra do poeta para a comunidade de Barbalha, buscando valorar nossa cultura local. Ela também vai chegar junto dos principais intérpretes do Cariri que sofrem pela ausência de valorização de seus talentos: vamos realizar uma roda de diálogo com esses cantores e músicos para que possam estar participando do Festival Canta Patativa onde eles vão ser desafiados a interpretarem as canções que comporemos ao longo dos dois primeiros anos do projeto. Esse material será transformado em Cd.
Importante se faz participar de forma colaborativa das comemorações do centenário de Patativa do Assaré promovidas pela SECULT numa aliança criativa e compartilhada com outras ações, que com certeza será um marco para a política cultural do Ceará em consonância com o Plano Nacional de Cultura.
OBJETIVOS
• Realizar pesquisa sobre a obra de Patativa do Assaré envolvendo os educandos de música da SAMDPRED no processo de comemoração dos cem anos do Poeta;
• Realizar formação musical para crianças, adolescentes e adultos jovens de Barbalha a partir da obra de Patativa do Assaré;
• Montar Espetáculo Musical Tocando Patativa do Assaré com os poemas sonorizados pelos educandos e oficineiros do projeto;
• Realizar o Festival Canta Patativa valorizando os intérpretes da Região do Cariri.
quarta-feira, 13 de julho de 2011
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PATATIVA DO ASSARÉ
Antônio Gonçalves da Silva, o Patativa do Assaré
( Poeta popular e cantador repentista de viola nordestino )
1909 - 2002
Poeta popular e cantador repentista de viola nordestino nascido em Serra de Santana, pequena propriedade rural, no município e a três léguas da cidade de Assaré, no Sul do Ceará, um dos maiores poetas populares do Brasil, retratista do árido universo da caatinga nordestina cuja obra foi registrada em folhetos de cordel, discos e livros. Foi o segundo filho do modesto casal de agricultores Pedro Gonçalves da Silva e Maria Pereira da Silva. Perdeu a vista direita, no período da dentição (1913), em conseqüência de uma moléstia vulgarmente conhecida por Dor-d'olhos. Aos oito anos, ficou órfão de pai e teve que trabalhar ao lado de meu irmão mais velho, para sustentar os mais novos. Aos doze anos, freqüentou durante quatro meses sua primeira e única escola, onde, sem interromper o trabalho de agricultor e quase como um autodidadata, aprendeu a ler e escrever e se tornou apaixonado pela poesia. De treze para quatorze anos começou a fazer seus primeiros versinhos que serviam de graça para os vizinhos e conhecidos, pois o sentido de tais versos eram brincadeiras de noite de São João, testamentos do Judas, gozação aos preguiçosos etc. Com 16 anos de idade, comprou uma viola e começou a cantar de improviso. Aos 20 anos de idade viajou para o Pará em companhia de um parente José Alexandre Montoril, que lá morava, onde passou cinco meses fazendo grande sucesso como cantador. De volta ao Ceará, regressou à Serra de Santana, onde continuou na mesma vida de pobre agricultor e cantador. Casou-se com uma parenta, D. Belinha, com quem se tornou pai de nove filhos. Sua projeção em todo o Brasil se iniciou a partir da gravação de Triste Partida (1964), toada de retirante de sua autoria gravada por Luiz Gonzaga, o Rei do Baião. Teve inúmeros folhetos de cordel e poemas publicados em revistas e jornais e publicou Inspiração Nordestina (1956), Cantos de Patativa (1966). Figueiredo Filho publicou seus poemas comentados em Patativa do Assaré (1970). Gravou seu primeiro LP Poemas e Canções (1979) uma produção do cantor e compositor cearense Fagner. Apresentou-se com o cantor Fagner no Festival de Verão do Guarujá (1981), período em que gravou seu segundo LP A Terra é Naturá, lançado também pela CBS. A política também foi tema da obra e de sua vida. Durante o regime militar, ele condenava os militares e chegou a ser perseguido. Participou da campanha das Diretas-Já (1984) e publicou o poema Inleição Direta 84. No Ceará, sempre apoiou o governo de Tasso Jereissati (PSDB), a quem chamava de amigo. Ao completar 85 anos foi homenageado com o LP Patativa do Assaré - 85 Anos de Poesia (1994), com participação das duplas de repentistas Ivanildo Vila Nova e Geraldo Amâncio e Otacílio Batista e Oliveira de Panelas. Tido como fenômeno da poesia popular nordestina, com sua versificação límpida sobre temas como o homem sertanejo e a luta pela vida, seus livros foram traduzidos em diversos idiomas e tornaram-se temas de estudo na Sorbonne, na cadeira da Literatura Popular Universal, sob a regência do Professor Raymond Cantel. Contava com orgulho que desde que começou a trabalhar na agricultura, nunca passou um ano sem botar a sua roçazinha, a não ser no ano em que foi ao Pará. Quase sem audição e cego desde o final dos anos 90, o grande e modesto poeta brasileiro, com apenas um metro e meio de altura, morreu em sua casa, em Assaré, interior do Ceará, a 623 quilômetros da capital estadual Fortaleza, aos 93 anos, após falência múltipla dos órgãos em conseqüência de uma pneumonia dupla, além de uma infecção na vesícula e de problemas renais, e foi enterrado no cemitério São João Batista, na sua cidade natal. Outros livros importantes de sua autoria foram Inspiração nordestina, Cantos de Patativa, Rio de Janeiro (1967), Cante lá que eu canto cá, Filosofia de um trovador nordestino, Editora Vozes, Petrópolis (1978), Ispinho e Fulô, SCD, Fortaleza (1988) e Balceiro, SCD, Fortaleza (1991), Aqui tem coisa, Multigraf/ Editora, Secretaria da Cultura e Desporto do Estado do Ceará, Fortaleza (1994) e Cordéis, URCA, Universidade Regional do Cariri, Juazeiro do Norte. Sobre ele foram produzidos os filmes Patativa de Assaré, Um poeta camponês, curta-metragem documentário, Fortaleza, Brasil (1979) e Patativa do Assaré, Um poeta do povo, curta-metragem documentário, Fortaleza, Brasil (1984).
Fonte: www.netsaber.com.br/biografias
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